PROJECTOS versus VIDA
A vida somos nós e as circunstâncias, não me venham pois dizer, que a vida é o que fazemos dela, se assim fosse não haveriam vidas sofridas, com fome, com falta de trabalho, e mesmo sem cor… todos nós seriamos felizes, qualquer que fosse o nosso entendimento de felicidade.
Imensas coisas acontecem, para as quais não contribuímos nem um pouco, mas não deixam de acontecer e alteram toda uma vida ou boa parte dela. Os nossos ideais, os nossos sonhos até a nossa maneira de pensar podem ser alterados. E nem estou a dizer que a alteração seja sempre má, pode não ser, muitas vezes faz-nos crescer como ser humano mas, também, pode ser castrante ao ponto de nos esquecermos de nós, de tal modo que passamos a viver segundo essa mudança, mudança que não desejamos, não pedimos, mas está aí, e à que arranjar maneira de continuar a “viver”, mesmo que nos sintamos invadidos por uma visita indesejável, que por mais vontade que tenhamos, não podemos mandar embora.
Quase ouço as tuas palavras, sim as tuas, tu que me lês, “claro que não é assim, a vida fazemos e decidimos nós, se eu não quero isto, se não estou feliz, só tenho que mudar” (também já falei assim, de peito feito e dona da verdade, a verdade sentida e pronunciada pela idade em que o mundo é pequeno demais para albergar a nossa energia, a nossa determinação) Mas diz-me, num caso de falta saúde de alguém que amas, (um amor especial, visceral para o qual não existe divórcio) pediste que acontecesse? Não… claro que não mas, está aí e deu volta à tua vida, faz-te sofrer, e de um modo lento mas também concludente substitui a alegria, o sonho, o projecto de vida, por uma guerra. Uma guerra de várias lutas que tens que lutar, não tens escolha e como não tens escolha, nem dás conta que ano após ano a vida foi passando por ti e tu não a viveste, tu foste apenas sobrevivendo e desejando, tão só, ganhar essa guerra, porque se a ganhares todo o resto terá valido a pena, mas… e se a vida de repente decidir que não quer lutar mais, sim, ela não quer lutar mais… atirou-te para a guerra e agora abandona-te no mato sem cachorro, sem chão, e então dás-te conta que abriste mão de tudo e que agora, todas as pequenas vitórias, que eram a tua força para continuar, em segundos, se traduzem em nada… se de repente, te vez com uma luta que tens de continuar a travar mas, não tens com quem lutar? Perdeste…e nem foi por inércia, foi porque a vida assim decidiu.
Perguntarás agora, e depois?
Depois… vais ao fundo, olhas á volta e sentes-te, o mais só dos seres humanos. Se tiveres sorte, um dia vais encontrar-te a falar sozinha/o em voz alta, olhando um espelho e a perguntar, onde estás? Que foi feito de ti? E se continuares a ter sorte, vais encontrar força para correr atrás do que ainda pensas poder restar, vais ainda poder traçar um novo projecto de vida, onde o futuro se traduz, em ser feliz aqui e agora… porque o fim já lá vem…
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2009.03.04
nn-(in)-metamorphosis
esta data... (afinal era esta ahahah)
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