Hoje e sempre, da amiga
noname
Agosto. Era Agosto, 13 quarta feira do ano de 2003. O dia tinha acordado lindo e quente. Na falta de ar condicionado, o trabalho decorria numa rotina dolente, acordado pelo telefone que tocava na secretária da colega, de momento, ausente. Levantou-se, e a caminho de o atender, olha a janela aberta de par em par, uma nuvem cinzenta, vinda não sabia de onde, escondia, agora, o sol que filtrado feria o olhar. E ali, no gradeado do muro, parecendo olhá-la, aquele pássaro negro de presença imponente. Na rua, a voz de uma senhora idosa informava os miúdos em alvoroço, um corvo, é um corvo, e como se rezasse, benzeu-se, enquanto dizia: sinal de mau agouro, para o combater não chega todo o dinheiro todo o ouro. Um arrepio, a mistura das vozes da senhora e de quem lhe falava do outro lado da linha, em tom aflitivo.
Tremeram-lhe as pernas
Rasaram-se-lhe os olhos
No peito uma dor de morte
O corvo piou
Levantou voo
E ela pensou
Ditou-lhe-me a sorte
***
2010-08-13
nn(in)metamorphosis