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22/02/2022

Palavras Soltas

 

Desafio: Escreve um final


Dou-te quase tudo" - Que nunca nos falte o amor

segunda-feira, fevereiro 21, 2022



 Todos os dias, pela manhã, aos primeiros raios de luz, salta da cama, deixando a dormir o próprio despertador e Margarida, ela, bem enrolada ao édredon, bela como a vida, cabelos desgrenhados e a expressão tranquila de quem sonha com um mundo pleno de cor.

 Dezembro parece querer publicitar a chegada de mais um Inverno, húmido, cinzento e frio, com chuviscos e dias escuros.

 Numa rotina, quase perfeita, coloca o pão a descongelar no micro-ondas, espreme laranjas, prepara uma manga, deixa na mesa o queijo, a manteiga e o fiambre de frango, enquanto toma o seu primeiro café, não sem antes ligar o aquecimento da casa de banho. Estende a roupa deixada na máquina na noite anterior, abre as portadas da sala e deita um olhar de relance à lareira, ao sentir uma agradável sensação de conforto térmico, ainda fruto do crepitar passado.

 Leva o cão à rua, sente o ar gélido, faz uma careta e solta-o no jardim, em frente ao condomínio, enquanto aperta o cachecol e dá ordem para que se despache. Acende o primeiro cigarro, absorvendo de seguida alguns segundos de um prazer que pretende deixar, quem sabe um dia.

  Regressa a casa, troca beijos apaixonados com Margarida, acabada de acordar, ainda com aquela deliciosa e mimosa expressão de quem não deixou na totalidade o Mundo dos sonhos.

  - O teu despertador acordou-me.

 - Cumpriu a função dele, portanto… assim o teu fizesse o mesmo – Sorri, senta-se à mesa, enquanto começa pelo sumo e desbloqueia o telemóvel para ler as primeiras notícias do dia.

 Pequeno-almoço terminado, levanta-se e dirige-se para a sala de banho, recebendo um beijo e um apressado “amo-te”, que o desperta para o facto de já estar atrasado.

 Entre o trânsito, os transportes, as esperas, reuniões, e-mails, telefonemas, questões avulsas colocadas por colegas deslocados da realidade, consegue finalmente começar a trabalhar a partir das cinco da tarde, momento em que a noção de ter de levar trabalho para casa torna-se uma certeza.

 Meia dúzia de mensagens trocadas com Margarida, alimentam-lhe o espírito e a sanidade. Fica a saber que o jantar está bem encaminhado, o almoço para o dia seguinte pronto, a casa limpa e que a senhora da roupa já por lá tinha passado.

 Entra em casa, sente a agradável sensação do calor proveniente da lareira, beija Margarida, com quem troca sorrisos cansados e cúmplices. Storm, recebe-o com um brinquedo na boca e com a energia que um Golden Retriever de doze anos ainda consegue ter. Faz-lhe uma festa à distância possível, na tentativa infrutífera de não ficar com pelos no fato.

 Jantam rapidamente, enquanto trocam as novidades do dia, as queixas, os suspiros, as palavras de amor. Margarida abre a pasta com testes para corrigir, ele o portátil da empresa para dar continuidade a um longo dia, não sem se perguntar, “a partir de quando ficou tudo tão complicado?”.

 Ela na mesa da sala, com todos os papeis cuidadosamente numerados e em posições marcadas tipo planta de arquiteto, ele no sofá, lateral à lareira, com o computador na mesinha de apoio, trocam olhares ternos e Jorge consegue visualizar aquele momento, perdido no espaço e no tempo, do primeiro beijo, bastante posterior ao do primeiro olhar, ao das primeiras trocas de palavras, mas ainda anterior ao primeiro “amo-te” e à confirmação da certeza de querer passar o resto dos seus dias a seu lado.

 

****

O meu final

 Sem se dar conta, esquece o computador e deixa que a mente o leve ao presente que muitos gostariam de alcançar. Ele era um homem feliz. Então, porquê aquela sensação de falta de algo que por vezes o assalta? Aquela inquietude que, sem aviso, chega e faz o silêncio deixar de respirar?

 ***

2022-02-22

nn-metamorphosis




Ardósia 18

 


Hoje, é tão hoje que até de trás para a frente é hoje  :)



Ardósia - 17



 Na velhice os passos são lentos, porque o velho carrega 

1 criança, 1 jovém, 1 adulto, na sua própria história




16/02/2022

Des_encanto



Carrega
um olhar de desencanto
feito de raiva e tristeza
assim como se fosse um pranto
uma astenia, uma fraqueza
 
Rasgada
 a mente em pedaços
um grito de incompreensão
desfazem-se os olhos em traços
Sangue: amargo e quente cai-lhe do coração
 
Faz versos
de angústia louca
dos lábios a vida corre
com um acre sabor na boca
faz versos como quem morre

 

 ***

2022-02-16 

nn-metamorphosis



01/02/2022

Carpe Diem



 “Carpe Diem”

o belo e encantador poema de Walt Whitman 

 

Carpe Diem é uma frase em latim de um poema de Horácio, e é popularmente traduzida para colha o dia ou aproveite o momento. É também utilizada como uma expressão para solicitar que se evite gastar o tempo com coisas inúteis ou como uma justificativa para o prazer imediato, sem medo do futuro.

Vindo da decadência do império Romano o termo Carpe diem era dito para retractar o “cada um por si”, devido o império estar se desfazendo, naquele momento a visão de que cada dia poderia ser realmente o último era retractado pela frase que hoje é utilizada como uma coisa boa, porém sua origem vem do desespero da destruição de um grande império antigo.

No filme “A Sociedade dos Poetas Mortos”, o personagem de Robin Williams, Professor Keating, utiliza-a assim:

“Mas se você escutar bem de perto, você pode ouvi-los sussurrar o seu legado. Vá em frente, abaixe-se. Escute, está ouvindo? – Carpe – ouve? – Carpe, carpe diem, colham o dia garotos, tornem extraordinárias as suas vidas.”

O poema relacionado à ideia de Carpe Diem, de autoria de Walt Whitman, utilizado como mote no filme:

Aproveita o dia (Walt Whitman)

Aproveita o dia,
Não deixes que termine sem teres crescido um pouco.
Sem teres sido feliz, sem teres alimentado teus sonhos.
Não te deixes vencer pelo desalento.
Não permitas que alguém te negue o direito de expressar-te, que é quase um dever.
Não abandones tua ânsia de fazer de tua vida algo extraordinário.
Não deixes de crer que as palavras e as poesias sim podem mudar o mundo.
Porque passe o que passar, nossa essência continuará intacta.
Somos seres humanos cheios de paixão.
A vida é deserto e oásis.
Nos derruba, nos lastima, nos ensina, nos converte em protagonistas de nossa própria história.
Ainda que o vento sopre contra, a poderosa obra continua, tu podes trocar uma estrofe.
Não deixes nunca de sonhar, porque só nos sonhos pode ser livre o homem.
Não caias no pior dos erros: o silêncio.
A maioria vive num silêncio espantoso. Não te resignes, e nem fujas.
Valorize a beleza das coisas simples, se pode fazer poesia bela, sobre as pequenas coisas.
Não atraiçoes tuas crenças.
Todos necessitamos de aceitação, mas não podemos remar contra nós mesmos.
Isso transforma a vida em um inferno.
Desfruta o pânico que provoca ter a vida toda a diante.
Procures vivê-la intensamente sem mediocridades.
Pensa que em ti está o futuro, e encara a tarefa com orgulho e sem medo.
Aprendes com quem pode ensinar-te as experiências daqueles que nos precederam.
Não permitas que a vida se passe sem teres vivido…

 

Walter Whitman (1819 – 1892) foi um jornalista, ensaísta e poeta americano considerado o “pai do verso livre” e o grande poeta da revolução americana.

  

Retirada de: Pensar Contemporâneo