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30/10/2019

Foi no Tóino das Iscas



Tinha sido chamado a apresentar-se no bar do Tóino das iscas, pelas 16h. Lá, pô-lo-ia ao corrente do assunto, e acertariam custos, porque ela, não era rica, mas podia vir a ser confortavelmente remediada. De parentes restava-lhe a avó, quer dizer, já nem essa restava, tinha falecido há uns meses atrás e vira-se então confrontada com uma montanha de papéis, dentre os quais, uns que a diziam herdeira da casa, do gato miau e do cão béubéu, das terras e de algum dinheiro mas, tinha perdido o CC e sem ele não podia reclamar a herança.

Toda esta informação tinha sido passada ao agente Ó, pela secretária lingrinhas, que o ajudava nestas minudências corriqueiras do seu métier.

Às 16 em ponto, o agente Ó e a Menina, sentavam-se frente a frente numa das mesas do Tóino das iscas. Enquanto o agente Ó chamava o Tóino, a Menina, algo enjoada, olhava aquela figura a sobrar pelo cinto das calças, e triplo queixo, e perguntava-se se seria boa ideia contratar os serviços de tal personagem, que pedia a um pé para mexer o outro. Se a inteligência fosse da mesma rapidez, ela morreria sem saber do seu querido CC e sem alcançar a herança que lhe daria algum sossego. Perdida nestes pensamentos, foi abalroada pela voz do agente Ó que perguntava se queria beber alguma coisa, a Menina recusou, tinha urgência no assunto, precisava encontrar o seu CC – passemos então a umas perguntinhas da praxe, para poder iniciar a demanda. A menina olhou para ele e disse numa calma aparente: Custos! Preciso de saber os custos, lá no buraco onde trabalho, muito é o dito, mas pouco é o guito. Perante tal afirmação os olhinhos do agente Ó piscaram duas ou três vezes ao mesmo tempo que deixava escapar um riso miudinho. Nada de muita monta, Menina.

Feitas as perguntas, separam-me com a indicação de que dentro de dois dias, daria notícias.

Tocou o telemóvel, a Menina olhou em volta, a megera lá do buraco estava entretida com uma outra Menina que tinha excedido o tempo de fazer xixi em duas milésimas de segundo, pelo que a nossa Menina aproveitou para atender – Estou, em que posso ajudar? Ora Menina, quem a ajuda sou eu, 18h no Tóino das iscas. Lá estarei. Preciso desligar. Bom dia agente Ó.

18H01  - a Menina entra em passo de corrida pelo Tóino das iscas, limpa as gotas de chuva dos óculos na ponta da camisa que traz vestida e procura o agente Ó, por entre as mesas, hoje, cheias de gente barulhenta. Ali está ele, que notícias terá? 
Boa tarde agente Ó
Boa tarde Menina. 
Tem novidades para mim agente Ó?
Elementar minha cara. 
Encontrou o meu CC? 
Não! Nem poderia, a Menina trá-lo consigo. 
Eu! Não, eu perdi-o. 
Pois perdeu, pelo buraco do forro da sua carteira, que mais parece uma loja dos chineses, onde há de tudo.

A Menina mete a mão dentro da carteira, escarafuncha à esquerda, à direita, faz uma finta à caixinha das bolachas integrais, enrola os dedos nos lenços de papel, livra-se deles e cai no molho das chaves, de repente, não é possível… um buraquinho no forro, como nunca tinha dado por isso?

E sim, lá estava o maldito, o querido, o desejado CC.

Contas feitas mesmo ali. O agente Ó, pigarreando, guardou as notas tão suadas da Menina, ao mesmo tempo que dizia: Nem Hercule Poirot, Menina, nem Jules Maigret me fariam sombra, e abalou com um sorriso miudinho.

***

 2019-10-30
nn(in)metamorphosis 


para que isto faça algum sentido
 

"o desafio insano

e se eu lhe pedisse, amigo leitor/ amiga leitora, para me deixar 3 palavras na caixa de comentários, como estímulo ao meu cérebro indolente e madraço, que insiste há semanas em  asfixiar o blog de vez, para voltar a teclar coisa que me valha, que palavras seriam essas?"
 
O Blog "A faca Não Corta o Fogo" da Flor  - AQUI 
 
E as palavras são como as cerejas 
 
E quando a resposta chegou para a Téstiq , num acordar do agente Ó, que não tive o prazer de conhecer em novo, a coisa deu-se.

Xilre - AQUI
Atravessado - AQUI 
E agora eu  :-)


 

24/10/2019

Já tem nome

Tiago - o nome do meu anjinho


E lá irá ter o seu boneco da Marvel - junto com mais uns miminhos.

 



Mussisas-me



Desconcertas-me
Desacertas-me

Apaixonas-me

E isso é que é complicado

***
2019-10-24
nn(in)metamorphosis

 

23/10/2019

Melancolias de Outono


Uma brisa, um sopro
Um som envolvente, um desejo

Anoitecer no teu olhar

***
2019-10-23
nn(in)metamorphosis 

22/10/2019

Meia laranja


Quem já não ouviu, ou mesmo proferiu: Ela foi feita para ele. Ele foi talhado para ela. São a meia laranja um do outro.

Por estranho que pareça, frases como esta sempre me deixaram desconfortável. 

Como se eu, ou a pessoa que me acompanhe na comparação, precisasse  do outro, para ser inteiro.

Como se esteja intrínseco que: 50% de mim é alguém, os outros 50%  andam para aí perdidos nos dias e nas noites da vida, até que encontrem os outros 50% perdidos, de um outro meio alguém, para que juntos possam ser 100%.

Escabroso, não? 

 Então não é melhor ser-se e sentir-se inteiros e contabilizar que 100+100 fazem 200?

A verdade é que esta forma de pensar, em metades, quanto a mim, é redutora, e não acredito seja benéfica para nenhum dos intervenientes. 

Fosse eu psicóloga ou alguém ligada aos estudos destes seres estranhos que somos nós humanos, e apontaria justificações para a  violência entre homens e mulheres, que no sentido obsessivo de posse, tanta morte tem causado. Vai-se a ver e os 50% do outro acham-se mais que isso e adona-se do que não lhe pertence.

Vai-se lá saber... 

O que sei, sem sombra de dúvida, é o que o meu paizinho me disse: és única, inteira, dona de ti.  

E eu, filha atenta: Não me divido. Adiciono-me.