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30/09/2019

Mais que borboleta




fico sempre assim, como passarinho a quem abriram a gaiola.
Ainda a viagem nem começou e já me cheira a casa, a raízes, a primas
Vou cedinho, esperando que a consulta seja rápida e as notícias, capazes de me fazer suspirar um... Ok, não está pior e, se não estiver pior, para mim está bem, está mesmo bem.


Depois
o resto do dia é meu.

Dar ar à pluma, 
a palavra de ordem

Quem sabe, 
 ir ali, ao Majestic,
cometer o pecadinho 

são tão bons os natas lá e o cimbalino uma delícia. 




Tudo isto, antes do almoço com as primas, é que, depois, elas dirigem a banda e a festa começa.

Me aguardem, tou chegando, carago!    :-)





Tempo



… é aquele intervalo entre o indicador e o polegar, onde vive a dor no peito e o suspiro, quando te chega a  saudade.


***
2019-09-30
nn(in)metamorphosis 



27/09/2019

Da vida a arrumação




Era moça, de gavetas arrumadas, de caixas e caixinhas organizadas, simplesmente porque não gostava de arrumar, e se tudo estivesse arrumado, não precisava de o fazer

Fazia tudo em modo corrido, era efervescente, como se o tempo lhe pudesse fugir, como se tivesse, sempre, uma encomenda para entregar com precisão ao segundo

A Margarida tinha-lhe dito, hoje, que falava a correr, como se tivesse medo que as palavras se pudessem esgotar, antes de se conseguir exprimir

A vida é uma viagem que se deve desfrutar
Acrescentara ela

Era verdade, mas o pior de tudo é que se sentia cansada

O fazer as coisas com mais calma, como se o tempo não existisse, nem lhe parecia difícil, até porque o tempo não existia mesmo, tinha sido invenção do homem

Já as palavras, essa seria matéria delicada

Eram usadas por toda a gente, e de modo indiscriminado
O que faríamos se elas se esgotassem?
Como viveríamos com a sua ausência?
Num quadro medonho, pensou, e se só ela, um dia, perdesse todas as palavras?
Inquietou-se, não suportava a ideia
Pensamentos, em avalancha, atropelavam-se uns aos outros
De repente, as caixas! As caixas seriam a solução
Arranjaria uma, tamanho médio, onde guardaria as palavras que não podia perder
Não podia guardar muitas, nem as queria amontoadas
Se bem pensou, melhor o fez
Abriu uma caixinha e sem hesitação
Deitou mão ao amor
Dificilmente sobreviveria sem ele
Deu-lhe por companhia a esperança
Precisava dela, hoje mais que ontem
Juntou-lhe a amizade
Era-lhe imprescindível
A mágoa e a dor, sem que pudesse evitar, saltaram lá para dentro
Deixou que ficassem, sabia-as inevitáveis
Faltava-lhe uma
Era inútil enganar-se a si mesma
Com alguma vergonha e com muito cuidado, pegou no sonho
Não devia, mas sabia não resistir-lhe
Tentaria usá-lo pouco, e sempre às escondidas
Respirou fundo, e com uma delicadeza rara nela, fechou a caixa
E com ela, faria o resto da viagem
Em silêncio
Ou com mais calma, vá 

2010-11-28 nn

***
 2019-09-27 
nn(in)metamorphosis

26/09/2019

O presente




 
Visto-me de presente
Sem olhar o futuro
Abro a mala do passado
Com que às vezes me torturo

Embrulho-me em seda fina
Que ato com nós de renda
E corro ao teu encontro
Como se fosse um presente

Entrego-me com ternura
Emoção e alma a nu
E dando-me, preencho-me
Porque o meu presente… és tu


 2009-02-14 – O Presente - nn na netlog


*** 
Reediado 2019-09-27
nn(in)metamorphosis



24/09/2019

Tempo


... é aquele intervalo entre o indicador e o polegar, onde fica a recordação de um beijo e o sorriso que se faz ao lembrá-lo.


***
2019-09-19 
nn(in)metamorphosis 



23/09/2019

Equinócio de Outono





 
Põe-se o sol
Perde-se algures a lua
Alinham-se as estrelas
Quais candeeiros de rua inclinada
de calçada antiga, incerta
E tu, estrela cadente
Afundas no espaço vazio do meu leito
Que é este peito aberto
Cova funda, de defuntos adormecidos


2007-09-23  10H51 Outono - nn netlog



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2019-09-23 08H50 - Outono
nn(in)metamorphosis