O sentir inunda-me os olhos e turva-me as retinas.A dor beija as pestanas e corta-me o rosto lentamente...são só saudades Pai.
28/08/2010
Saudade
O sentir inunda-me os olhos e turva-me as retinas.A dor beija as pestanas e corta-me o rosto lentamente...são só saudades Pai.
25/08/2010
O que é a Páscoa?
- Ora, Páscoa é ...... bem é uma festa religiosa!
- Igual ao Natal?
- É parecido. Só que no Natal comemora-se o nascimento de Jesus, e na Páscoa, se não me engano, comemora-se a sua ressurreição.
- Ressurreição?
- É, ressurreição. Marta, vem cá!
- Sim?
- Explica a esta criança o que é ressurreição para eu poder ler o meu jornal descansado.
- Bom, meu filho, ressurreição é tornar a viver após ter morrido. Foi o que aconteceu com Jesus, três dias depois de ter sido crucificado. Ele ressuscitou e subiu aos céus. Entendido?
- Mais ou menos ........ Mamã, Jesus era um coelho?
- Que é isso? Não digas uma coisa dessas! Coelho! Jesus Cristo é o Pai do Céu! Nem parece que este menino foi baptizado! Jorge, este menino não pode crescer assim, sem ir à missa pelo menos aos domingos. Até parece que não lhe demos uma educação cristã! Já pensou se ele diz uma asneira destas na escola? Deus me perdoe! Amanhã vou matricular este fedelho na catequese!
- Mamã, mas o Pai do Céu não é Deus?
- É filho, Jesus e Deus são a mesma coisa. Vai estudar isso no catecismo. É a Trindade. Deus é Pai, Filho e Espírito Santo.
- O Espírito Santo também é Deus?
- É sim.
- E Fátima?
- Sacrilégio!!!
- É por isso que na Trindade fica o Espírito Santo?
- Não é o Banco Espírito Santo que fica na Trindade, meu filho. É o Espírito Santo de Deus. É uma coisa muito complicada, nem a mamã entende muito bem, para falar a verdade nem ninguém, nem quem inventou esta asneira a compreende. Mas se perguntar à catecista ela explica muito bem!
- Bom, se Jesus não é um coelho, quem é o coelho da Páscoa?
- (gritando) Eu sei lá! É uma tradição. É igual ao Pai Natal, só que em vez de presentes, ele traz ovinhos.
- O coelho põe ovos?
- Chega! Deixa-me ir fazer o almoço que eu não aguento mais!
- Pai, não era melhor que fosse galinha da Páscoa?
- Era, era melhor, ou então peru.
- Pai, Jesus nasceu no dia 25 de Dezembro, não é? Que dia que ele morreu?
- Isso eu sei: na sexta-feira santa.
- Que dia e que mês?
- ??????? Sabes que eu nunca pensei nisso? Eu só aprendi que ele morreu na sexta-feira santa e ressuscitou três dias depois, no sábado de aleluia.
- Um dia depois portanto!
- (gritando) Não, filho - três dias!
- Então morreu na quarta-feira.
- Não! Morreu na sexta-feira santa... ou terá sido na quarta-feira de cinzas? Ah, miúdo, já me confundiste! Morreu na sexta-feira e ressuscitou no sábado, três dias depois! Como!?!? Como!?!? Pergunte à sua professora de catecismo!
- Pai, então por que amarraram um monte de bonecos de pano na rua?
- É que hoje é sábado de aleluia, e a aldeia vai fingir que vai bater em Judas. Judas foi o apóstolo que traiu Jesus.
- O Judas traiu Jesus no sábado?
- Claro que não! Se ele morreu na sexta!!!
- Então por que eles não lhe batem no dia certo?
- É, boa pergunta.
- Pai, qual era o sobrenome de Jesus?
- Cristo. Jesus Cristo.
- Só?
- Que eu saiba sim, por quê?
- Não sei não, mas tenho um palpite de que o nome dele tinha no apelido Coelho. Só assim esta coisa do coelho da Páscoa faz sentido, não acha?
- Coitada!
- Coitada de quem?
- Da sua professora de catecismo!!!
Considerações para quê? para reafirmar o óbvio? ahahahah
20/08/2010
Olhei... Olhaste...
nn(in)metamorphosis
13/08/2010
Pobre ave
Agosto. Era Agosto, 13 quarta feira do ano de 2003. O dia tinha acordado lindo e quente. Na falta de ar condicionado, o trabalho decorria numa rotina dolente, acordado pelo telefone que tocava na secretária da colega, de momento, ausente. Levantou-se, e a caminho de o atender, olha a janela aberta de par em par, uma nuvem cinzenta, vinda não sabia de onde, escondia, agora, o sol que filtrado feria o olhar. E ali, no gradeado do muro, parecendo olhá-la, aquele pássaro negro de presença imponente. Na rua, a voz de uma senhora idosa informava os miúdos em alvoroço, um corvo, é um corvo, e como se rezasse, benzeu-se, enquanto dizia: sinal de mau agouro, para o combater não chega todo o dinheiro todo o ouro. Um arrepio, a mistura das vozes da senhora e de quem lhe falava do outro lado da linha, em tom aflitivo.
Tremeram-lhe as pernas
Rasaram-se-lhe os olhos
No peito uma dor de morte
O corvo piou
Levantou voo
E ela pensou
Ditou-lhe-me a sorte
***
2010-08-13
nn(in)metamorphosis