Foi num 10 de Junho, que desembarquei no porto de Luanda,
trocando o chão seguro do Infante D. Henrique, por um caminhar inseguro, um aperto no peito, um choro contido, a raiva de uma jovem que se sentia traída, desenraizada. Nem a visão do pai esperando-nos com um sorriso de encantamento, me sossegou. Iniciava-se, ali, uma aventura que não tinha pedido. O pai, como que adivinhando o que me ia na alma, abraçou-me e disse-me: É a primeira impressão, mas eu sei que daqui a uns dias, já descobriste tudo e vais gostar, e depois estamos todos juntos de novo, isso não é bom? E jovem pespineta lá ia dar razão? E que não, e que assim e que assado mas, havia os manos que também queriam a atenção do pai e a coisa ficou por ali.
Ao contrário do dia de hoje, aquele 10 de Junho era de sol radiante, um montão de graus que, na altura, em não saberia quantificar mas, que era bom era, mas não disse isso a ninguém, está bom de ver. E lá fomos, levados à ilha, comer um gelado, antes de seguirmos para casa. E o tempo passou, os primeiros dias não foram fáceis mas, quando deixei a casmurrice, abri os olhos e o coração, apaixonei-me pela primeira vez na minha vida e, tenho a certeza, que poucas paixões vivem tantos anos, sobrevivendo à distância e ao tempo que passa.
Um dia alguém me disse " espera só minina até beberes água do Bengo" - Eu bebi e entendi.
É algo como, quem passa por Alcobaça, não passa sem lá voltar, ou - primeiro estranha-se e depois entranha-se.
Regressei num dia como o de hoje, branco, num Maio chuvoso e frio
Risca aí no terreiro
si tu sabe :-)
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2018-06-10
nn(9n)metamorphosis
É a falar ou a escrever sobre o que nos marcou, que lavamos a alma.
ResponderEliminarRecordar é (re)viver.
Gostei de ler, Noname!
:)
que belo texto madrinha :) bravo
ResponderEliminarvou mandar recolher as nuvens, beijos
Memórias, não serão elas que fazem de nós o que somos?
ResponderEliminarbom dia Noname
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Memórias bem recordadas e escritas ! Infelizmente não conheço África, mas acho que tem algo a ver comigo !!!
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