Menu Suspenso

12/08/2025

O eco de sentir demais



Não sou feita de ausências
Mas, às vezes, esvazio-me
Fico quieta por dentro — não é bem dor, nem é tristeza

É uma imobilidade estranha, como se algo se apagasse em mim
 
Não há motivo visível
Só um sentir que transborda
sem nome, sem forma, sem aviso
 
Sinto demais

E quando sinto, tudo pesa
O tempo, as falhas
as palavras que disse — e talvez ainda mais as que escolhi calar
 
Refletir é tormenta
Pensar demais arrasta tudo
como um vento forte que varre os cantos da mente

E a ideia de que tudo depende de mim
Não ajuda
é como tentar segurar o céu com as mãos - irreal
 
Então, obrigo-me

Respiro. Foco no agora
Agarro o instante com cuidado
com atenção, com medo, mas com força
 
Não sou tristeza. Sou excesso

E o excesso, por vezes, também cansa
Mas sigo
Porque mesmo quando transbordo, ainda há poesia

 
 
2025-08-12
nn-metamorphosis