O Verão despediu-se hoje com a sua luz dourada e preguiçosa. Senti-o claramente: o ar já não traz a vibração dos dias quentes, mas uma doçura calma, quase rendida. Passei a tarde a observar como as sombras se alongam mais cedo, como o céu parece querer descansar, e dei por mim a sorrir com essa melancolia leve que nunca sei bem se é saudade ou alívio.
Sinto-me pronta para o
receber. Há qualquer coisa de reconfortante nesta mudança: o cheiro prometido
da terra molhada, as folhas que hão-de cair em tons de cobre e ferrugem, o
convite ao recolhimento e à serenidade. É como se a natureza me desse permissão
para abrandar, para me voltar mais para dentro, para escutar o que em mim
também pede silêncio e pausa.
Dou as boas-vindas ao Outono como quem recebe
uma visita esperada. Não com euforia, mas com a ternura de quem reconhece no
tempo que passa uma sabedoria maior. Que ele me traga serenidade, tardes longas
de chá quente, e a lembrança de que cada fim é também um início disfarçado.
***
2025-09-21 - À PORTA DO OUTONO - Reflexoes
nn-metamorphosis
Sem comentários:
Enviar um comentário
NOTA: Os comentários são moderados
1 - Os usados para publicitar o próprio blog serão eliminados.
2 - Os outros, tão breve quanto possível, serão publicados.
Grata pela compreensão.