No entardecer da terra,
O sopro do longo Outono
Amareleceu o chão.
Um vago vento erra,
Como um sonho mau num sono,
Na lívida solidão.
Soergue as folhas, e pousa
As folhas volve e revolve
Esvai-se ainda outra vez.
Mas a folha não repousa
E o vento lívido volve
E expira na lividez.
Eu já não sou quem era;
O que eu sonhei, morri-o;
E mesmo o que hoje sou
Amanhã direi: quem dera
Volver a sê-lo! mais frio.
O vento vago voltou.
Fernando Pessoa
***
2020-09-22
nn(in)metamorphosis
Um bonita escolha!
ResponderEliminarBoa noite, Noname. Beijinhos
Ao contrário do que o poeta diz, e por mais voltas que dê, a folha acabará por repousar. Só assim se restabelece o equilíbrio, só assim se cria o húmus fertilizador que irá propiciar a ressurreição da vida.
ResponderEliminarUm abraço, Dona Sem Nome :)
Mudam as cores devagarinho, arrefecem as noites e a luz fica mais fria. Está visto que o outono está aí.
ResponderEliminarBeijinho
Lindo!!!
ResponderEliminarBoa tarde, dona no.
Será que me deixei surpreender?...
ResponderEliminarTanto leio Pessoa e não conhecia este poema.
Obrigada, amiga, por publicá-lo-
Beijinho.
O Outono tem realmente o seu quê de despedida de quem nunca fomos.
ResponderEliminarMas eu gosto desta serenidade doce, dos tons, dos sabores...
Fernando Pessoa o dos maiores e melhores poetas portugueses. ( Claro tirando eu loool )
ResponderEliminar.
Abraço
ResponderEliminarVê bem como o Pessoa que leste há pouco lá no meu estaminé nada tem a ver com este lúgubre Pessoa que aqui nos mostras!
Todos somos ventos... ora calmos e quentes, que afagam cabelos... ora frios e tristes, que gelam almas.
Bora lá migrar para o Pólo Sul?
(^^)