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05/04/2017

E é isto I





 “Afinal, o que é inteligência?” 
 Texto escrito originalmente por Isaac Asimov 
(Asimov é considerado um dos mestres da Ficção Científica)

Quando eu estava no exército, fiz um teste de aptidão, solicitado a todos os soldados, e consegui 160 pontos.
A média era 100.
Ninguém na base tinha visto uma nota dessas e durante duas horas eu fui o assunto principal.
(Não significou nada – no dia seguinte eu ainda era um soldado raso da KP – Kitchen Police)
Durante toda minha vida consegui notas como essa, o que sempre me deu uma ideia de que eu era realmente muito inteligente. E eu imaginava que as outras pessoas também achavam isso.
Porém, na verdade, será que essas notas não significam apenas que eu sou muito bom para responder um tipo específico de perguntas académicas, consideradas pertinentes pelas pessoas que formularam esses testes de inteligência, e que provavelmente têm uma habilidade intelectual parecida com a minha?


Por exemplo, eu conhecia um mecânico que jamais conseguiria passar em um teste desses, acho que não chegaria a fazer 80 pontos. Portanto, sempre me considerei muito mais inteligente que ele.
Mas, quando acontecia alguma coisa com o meu carro e eu precisava de alguém para dar um jeito rápido, era ele que eu procurava. Observava como ele investigava a situação enquanto fazia seus pronunciamentos sábios e profundos, como se fossem oráculos divinos.
No fim, ele sempre consertava meu carro.
Então imagine se esses testes de inteligência fossem preparados pelo meu mecânico.
Ou por um carpinteiro, ou um fazendeiro, ou qualquer outro que não fosse um académico.
Em qualquer desses testes eu comprovaria minha total ignorância e estupidez. Na verdade, seria mesmo considerado um ignorante, um estúpido.
Em um mundo onde eu não pudesse me valer do meu treinamento académico ou do meu talento com as palavras e tivesse que fazer algum trabalho com as minhas mãos ou desembaraçar alguma coisa complicada eu me daria muito mal.
A minha inteligência, portanto, não é algo absoluto mas sim algo imposto como tal, por uma pequena parcela da sociedade em que vivo.
Vamos considerar o meu mecânico, mais uma vez.
Ele adorava contar piadas.
Certa vez ele levantou sua cabeça por cima do capô do meu carro e me perguntou:
“Doutor, um surdo-mudo entrou numa loja de construção para comprar uns pregos. Ele colocou dois dedos no balcão como se estivesse segurando um prego invisível e com a outra mão, imitou umas marteladas. O balconista trouxe então um martelo. Ele balançou a cabeça de um lado para o outro negativamente e apontou para os dedos no balcão. Dessa vez o balconista trouxe vários pregos, ele escolheu o tamanho que queria e foi embora. O cliente seguinte era um cego. Ele queria comprar uma tesoura. Como o senhor acha que ele fez?”
Eu levantei minha mão e “cortei o ar” com dois dedos, como uma tesoura.
“Mas você é muito burro mesmo! Ele simplesmente abriu a boca e usou a voz para pedir”
Enquanto meu mecânico gargalhava, ele ainda falou:
“Tô fazendo essa pegadinha com todos os clientes hoje.”
“E muitos caíram?” perguntei esperançoso.
“Alguns. Mas com você eu tinha certeza absoluta que ia funcionar”.
“Ah é? Por quê?”
“Porque você tem muito estudo doutor, sabia que não seria muito esperto”

E algo dentro de mim dizia que ele tinha alguma razão nisso tudo.
***
Tradução feita por Update or Die. Original: What Is Intelligence, Anyway?.

11 comentários:

  1. Já conhecia à muito.
    É um dos meus escritores preferidos, não tanto pela forma da escrita, mas mais pelo conteúdo. Um homem muito à frente da sua época e um visionários só comparável, talvez, a Júlio Verne.
    Um excelente texto que dá que pensar (e no qual tropeço hoje pela segunda vez, curiosamente).

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    1. Muito inteligente mesmo, o texto - o autor não sei :-) se ele mesmo pôs em dúvida :-))

      Espero que nos tropeços, não se tenha magoado.

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  2. Devemos todos reflectir sobre isto!
    Excelente post!

    Um beijo!

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  3. Caso para pensar. De mecânica não percebo nada mas se os testes fossem elaborados por um ciclista talvez me safasse :))

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  4. Sempre achei estes testes muito redutores... Exactamente pelo mesmo motivo.
    Embora ache também que existem pessoas um bocadinho, hummm... Não diria burras, mas talvez demasiado inaptas seja para o que for. Ah! E obviamente falo de pessoas sem deficiência cognitiva.

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    1. Isto não é um teste mas, um texto escrito na 1ª pessoa e, onde essa pessoa, mostra que o facto de se ser inteligente, não faz com que se saiba tudo sobre tudo.

      Grata pela visita :-)


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  5. Eu sei que isto não é um teste!!!
    Mas no texto ele fala sobre esses testes de inteligência, ou QI, e eu só estava precisamos concordar com a experiência que ele relatou. Esses testes são exterior redutores

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  6. Corretor do cão!!! Na frase é "...precisamente a concordar..." em vez de "... precisamos concordar..."

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  7. Ah! E "os teses são extremamente redutores..." em vez de "exterior..."

    Gostava de saber porque catano ele me faz isto!!! Raios partam o corretor

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    1. aahahahah, não se preocupe eu entendi o que queria dizer.

      Quanto ao corrector, vai ter que ficar de olho nele. :))

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